Tuesday, August 24, 2004

Falsa Amizade



Ele nunca tinha falado com ela, tinham andado na escola juntos mas nem sequer tinham sido da mesma turma. Eram apenas alunos da mesma escola que se cruzavam enquanto olhavam em direcções opostas, aquelas pessoas que se cruzassem na rua, fingiriam nunca se terem visto, porque o facto de já se terem visto não era suficiente para admitirem que se tinham visto.
Um dia, alguns anos depois, encontram-se por coincidência através de um amigo comum. Para surpresa dele, ela age como se conhecessem, e como se não fosse já estranho o suficiente, age também como se fossem os melhores amigos. Fica indignado como é possível tamanha falsidade, mas não consegue reagir. Foi incapaz de reagir a algo que esperava que as outras pessoas fossem incapazes de fazer, pensava que não seria possível que alguém tivesse coragem para “falsificar” uma relação de amizade pois não estava preparado para tal golpe contra as regras imaginárias, pelas quais se regia, e que tinham sido estabelecidas ao longo de séculos. Detestou-a por isso.
Contudo a sua indignação interior não passou disso mesmo, pois ele acabou por fingir, teve raiva de si mesmo, mas de que lhe valia isso senão para ter ainda mais raiva de si mesmo. Compactuou assim com a falsa amizade.

1 Comments:

Blogger A Guardadora de Gansos said...

bom post... gosto deste teu novo blog! =) não sei muito bem que dizer em relação ao que escreveste, talvez porque concorde contigo e perceba porque te sentes assim... Mas não precisas de ter raiva de ti mesmo por causa de teres "pactuado"... Como tu disseste não sabias reagir, por isso também não ias armar confusão... Essas pessoas não merecem o teu tempo ou o teu pensamento ;)

muitos beijinhos*

1:07 PM  

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